XXIII Festival Nacional de Teatro de Rua
de Angra dos Reis - RJ
O
Grupo Teatro de Caretas participou do Festival juntamente com os grupos
OIGALÊ(RS), TEATRO KABANA (MG), Grupo Experiemental de Teatro Vivarte
(AC), Pequeno Teatro de Retalhos (SP), Será o Benedito? (RJ), Grupo
OFF-SINA (RJ), GABINETE 3 (RJ), CARRERAGOMLEVSKY (RJ), Brava Companhia
(SP), Teatro Popular União Olho Vivo (SP)
A FARSA DO PÃO E CIRCO - abril de 2008
Sinopse
Autor: Henrique Dídimo
A FarsaDe
início, entramos no universo lúdico dos artistas de rua, cada qual
improvisando a arte de ganhar seu pão. Com a alegria festiva de uma
trupe medieval, chegam cantando e envolvendo todos em um clima de folia
circense. Os personagens se sucedem em situações de humor e pantomima.
Tudo para agradar à dileta platéia. Mas atenção, que é uma farsa! E não
mais a farsa burlesca: aqui a farsa torna-se o embuste mesmo, o logro.
Aos poucos, em um jogo de meta-linguagem, revelam-se os bastidores desse
circo, tornando-se claras as necessidades de cada um, a divisão sempre
injusta do pão, as disputas pelas migalhas e a violência que disso tudo
resulta. E a platéia, convidada a participar, torna-se ora vítima, ora
cúmplice, ora algoz nesse logro.
Do PãoUm
vendedor de sorrisos e sua assistente solícita ao lado, o homem que
quebra coco, um menino que faz truques com seu cãozinho, cada qual com
sua cena, cada qual querendo conquistar o coração e o dinheiro da
platéia, lutando pelo seu pão de cada dia. Quem vai se dar melhor? A
praça é o palco e todos têm seu tempo e sua oportunidade de dar o
recado. Na contagem dos apurados, os mais fortes e mais espertos se dão
bem, mas sempre podem acontecer acidentes. E se o cachorro esfomeado
comer o próprio dinheiro? O que é que a gente faz com ele?
E CircoMesmo
com a violência exposta, o show deve continuar. Agora, os personagens
de rua assumem outros papéis, papéis sociais, as máscaras que usamos
nesse jogo da vida em comum numa cidade. E quem é cidadão, então? Um
policial, um bispo, uma dondoca caridosa? Em três situações, esses
personagens contracenam com pessoas que não têm vez ou voz, pessoas que,
destituídas de dinheiro e poder, são tidas como “ninguém”: um
flanelinha, um garçom, uma criança. Anunciando estranhas atrações, a
apresentadora mostra as cenas de uma forma distorcida, pela ótica do
senso comum, onde “todo mundo” se esconde. Apesar dessas cenas revelarem
por si mesmas as relações de dominação que se flagram diariamente no
cotidiano da cidade, quem se importa? O circo pega fogo, a violência e o
autoritarismo são levados ao limite. Agora fica nas mãos da platéia:
vamos intervir e mudar o final da história ou apenas ficar como
expectadores passivos e lavar as mãos?